Vamos lá pessoal, para aqueles que pensaram que a Administração Pública contrata serviços, ou adquire materiais, equipamentos, se pensarmos na gênese na origem, temos que dar ainda alguns passos atrás.
O que a Administração Pública contrata/adquire são soluções.
Pensando assim, faz uma diferença enorme, pois se o que é contratado/adquirido são soluções, e não serviços, ou materiais, equipamentos, então nos obrigamos a perguntar, solução de quê? Se é uma solução, tem que ter um problema para ser solucionado.
Viram? Uma questão conceitual pode modificar totalmente o rumo das ações práticas seguintes, pois ao trabalharmos o ETP iniciamos pela boa delimitação do problema. O que muita gente tem feito é iniciar delimitando a solução, sem explorar devidamente o problema.
Existe o planejamento, mas com um olhar parcial da necessidade.
Olhem só essa pérola do TCU Acórdão**: 2407/2006 - Plenário “Voto do Ministro Relator** (Coloquei em tópicos, caixa alta e grifei)
ü O que a Administração Pública busca é mais do que um bem ou serviço, são SOLUÇÕES.
ü Quando não conseguimos descrever EXATAMENTE o que precisamos, corremos o risco de adquirirmos soluções mal avaliadas.
ü Uma boa descrição da solução tem início na boa descrição do problema.
ü Reservar um tempo para estudar o problema serve para prevenir refugo, retrabalho, recompra …
@walterluis veja só a sua fala, ou seja, o conceito de projetos sendo fortemente utilizado aqui. Isto é**, temos que gastar uma boa energia na definição do ESCOPO.** A boa definição do escopo, para mim representa o começo de todo o sucesso da contratação/aquisição, ou de todo o projeto. Até a elaboração de um EVTEA, fica mais amparada.
Se fizemos todo o resto com o máximo de efetividade, e não tivermos um bom escopo delimitado, teríamos feito tudo bacana, ainda assim, correndo um grande risco de ocorrer o atendimento parcial da demanda sem percebermos, até que seja tarde demais e já tenhamos dispendido muitos recursos (tempo, pessoas, financeiros, etc.)
Um exemplo que eu passei, lá por volta de 2008, foi, que me demandaram para fazer um TR sobre aquisição de central telefônica. Nem falavam de ETP do jeito que falam hoje, ou seja, já me apresentaram uma solução e eu pude constatar que nem tinham explorado o problema, se a central telefônica anterior pifou, a lógica era só substituir, pensaram.
Depois da realização de estudos técnicos preliminares, constatamos:
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Que uma central telefônica naquela época já era praticamente um equipamento intensivo em tecnologia.
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A velocidade da desatualização dos bens intensivos em tecnologia, naquela época, já era muito rápida.
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Os custos de contratos de manutenção preventiva e corretiva desses equipamentos, substituição de peças e custo do tempo em que os equipamentos após um tempo, poderiam ficar parados por panes, eram maiores, se comparado com o custo de locações de algumas soluções que poderiam atender o mesmo problema.
Perceberam? O que parecia ser a solução, que era de aquisição, na verdade se transformou numa contratação, de outras soluções com a capacidade de absorver todo o ganho dos avanços tecnológicos. No fim, todos perceberam que estávamos buscando uma solução de comunicação e que poderia ser uma central física, virtual, ou outra solução, a contratação, ou aquisição seria só uma consequência.
Depois dessa fala, pergunto. Alguém aqui adquire veículo? Espero que a resposta seja não. Pois o que buscamos, adquirir/contratar é uma solução de transporte, que pode ser aquisição de um veículo próprio, ou até mesmo um serviço de taxi-gov. quem vai responder é a boa delimitação do problema do caso concreto.
Conheço um exemplo de aquisição de veículoS, que chegaram em determinada Regional sem capota marítima, sem película, sendo que eram para percorrer terrenos de praias e regiões interioranas com estradas de barro, isso tudo com o bagageiro do carro contendo vários equipamentos caros, sujeitos a maresia, lama e furto quando estacionadas em regiões distantes e os técnicos tivessem que se afastar dos veículos. Por que a película? Por acaso, o estado onde fica essa regional tem, conforme estudiosos do tema, um dos maiores índices de incidência solar e do país e acumular uma grande quantidade de casos de câncer de pele.
Acharam que o problema de uma sede era o mesmo de outras, e por isso aplicaram a mesma solução.
Resultado, carros novos utilizados somente na área urbana, subutilizados e ficaram um bom tempo viajando pedindo veículos emprestados de outros órgãos.
““Um problema bem definido é um problema meio solucionado” (Charles F. Kettering)
“Se eu tivesse oito horas para cortar uma árvore, gastaria seis afiando meu machado”. Abraham Lincoln