Novos modelos para contratação de serviços de TIC

Olá Arthur! Enviarei sim!

Prezados,

As considerações acerca dos diferentes modelos estão muito boas…

A métrica USI é muito interessante, conferindo certo grau de objetividade para as contratações em função do tamanho do parque do CONTRATANTE. Todavia, a precificação dos Itens de Configuração (ICs) me preocupa um pouco, pois, nos modelos analisados, percebe-se que ela ocorre quase que exclusivamente com base em cotações de mercado junto às empresas, conforme já havia sido apontado pelo TCU no âmbito do Acórdão nº 2.502/2019 – Plenário. E mesmo que houvesse contratações similares, incorreria-se no mesmo problema que ocorre com a métrica UST: não há padronização; e desta forma, não seria possível estabelecer uma relação de equivalência, de maneira objetiva, entre a USI concebida pelo órgão A ou pelo órgão B.
Haveria, portanto, alguma forma de se estabelecerem critérios objetivos para a precificação dos ICs? Como a equipe de planejamento pode avaliar, objetivamente, se os preços fornecidos são razoáveis para cada grupo de IC, considerando o tamanho de seu parque e o número de usuários?

O modelo USI/IC tem sido aprimorado a cada nova contratação, e os valores do ICs vem sendo ajustados com o tempo, sem contar que eles são relacionados com cada situação/contratante, já que a não ser pelo IC usuários, todos os outros podem ser “bem variáveis”. Mas a busca de benchmarks de outros órgãos/empresas continuará sendo caminho mais tranquilo. Como no serviço público sempre se busca o melhor resultado, da melhor maneira, e pelo menor custo, o novo modelo traz tudo isso, tendo contratos com valores globais inferiores aos de UST, muito mais simples de administrar (exige do contratante menos fiscais de contratos do que os modelos anteriores), e trazendo melhores resultados na satisfação dos usuários e na otimização (com pro atividade) das intervenções. Esses pontos objetivamente têm sido elencados pelo TCU como de “preocupação” nas contratações por métrica UST e similares… tanto que geram muitas auditorias. Os contratantes que têm migrado de UST pra USI costumam divulgar a grande melhoria em todos os contextos. Na Semana de Inovação do TCU/ISC no ano passado houve um debate sobre isso também quando foram apresentadas algumas experiências/depoimentos.

Boa noite, colegas.

Inicialmente gostaria de contextualizar o que entendi: estamos falando de contratações para prestação de serviços com Dedicação Exclusiva de Mão de Obra – DEMO, ou seja, haverá uma quantidade de profissionais alocada no órgão, para executar os serviços necessários, em uma infraestrutura pré-existente. Por lei, os profissionais deverão receber remunerações e benefícios mensais fixos (salvo exceções), independentemente de haver necessidade de serviço ou não, gerando um desembolso mensal para o empregador, que tende a variar muito pouco mensalmente. Desejamos estimar o valor deste desembolso mensal.

Usando um processo análogo a reengenharia, comecemos pela formação dos valores das remunerações e benefícios, que tem regra própria estabelecida pelo mercado. Em geral, o salário de um profissional é diretamente proporcional a sua capacidade de produzir resultados de forma precisa e ágil, de trabalhar sobre pressão identificando e priorizando ações, de trabalhar em equipe e conseguir colaboradores, de entender e adaptar-se facilmente a novas situações e tecnologias e de comunicar-se adequadamente, dentre outras. Chama-se Competência, a utilização de conhecimentos estruturados e validados, associados a habilidade de produção de resultados precisos e ágeis e ao comportamento de adotar atitudes de forma organizada e no momento adequado. Então é preciso mapear as competências necessárias ao profissional que vai desempenhar os serviços. Mas que serviços?

Já identificamos uma das variáveis (ou requisitos) que precisamos conhecer, as competências profissionais e agora encontramos outra, os serviços. Serviços, bem como as atividades que o compõe, são outro tema que se pode considerar definido pelo mercado e são contemplados formalmente no Cadastro Nacional de Atividades Econômicas – CNAE e no Código Brasileiro de Ocupações – CBO, ambos mantidos por órgãos do Ministério da Economia. Além destes, também podemos encontrar uma relação de serviços e atividades de TIC relativamente padrão, nos catálogos de serviços ou contratos padrão de grandes empresas do mercado, como Microsoft, Oracle, Cisco, Amazon, IBM, etc.

Vou utilizar como exemplo algumas macroatividades que identifiquei há um tempo (mas não foram revisadas) para o serviço de suporte N3:

1 – Identificar e aplicar a solução de contorno mais adequada para um Incidente e elaborar relatório detalhado sobre o evento;

2 - Identificar e aplicar a solução definitiva mais adequada para um Incidente e elaborar relatório detalhado sobre o evento;

3 - Identificar a Causa Raiz para um Incidente e elaborar relatório detalhado sobre a origem do evento;

4 - Identificar não conformidade da Solução em relação a Normas, Boas Práticas e referenciais de desempenho;

5 - Indicar a Parametrização/Configuração mais adequada para a solução considerando os variados cenários onde possa ser utilizada, considerando a eliminação de causa raiz de incidentes e considerando a adequação legal;

6 - Elaborar Análise de Riscos da Solução.

Considerando o exemplo, para o serviço Suporte N3, as competências necessárias serão o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para desempenhar as atividades relacionadas acima. Então surge pelo menos mais uma indagação, conhecimento em que?

O conhecimento necessário aos profissionais é ditado pelo objeto onde deverão atuar, em outras palavras, o ambiente de TIC. É preciso atentar que o ambiente de TIC é formado não só por equipamentos e programas, mas também pela parametrização/customização destes equipamentos e programas, pela forma como eles interagem para entregar serviços de TIC e pelos próprios serviços de TIC. Apesar das organizações costumeiramente possuírem um bom inventário de seus equipamentos e programas, a catalogação de atributos relevantes e respectivos parâmetros tende a ocorrer em menor escala e registro adequado dos relacionamentos e finalidades destes, pode até ser raro.

Será que o conhecimento e o objeto de atuação são suficientes para definir o valor do conjunto remunerações e benefícios? Parece que com estas informações já podemos identificar o perfil do profissional e assim obter os valores que o mercado costuma pagar. Isto pode até ser verdadeiro se considerarmos que todos os serviços de TIC tem o mesmo impacto para o negócio da instituição, o que não costuma ser verdade. Serviços críticos precisam ser restabelecidos com maior rapidez e de forma estável, exigindo além de conhecimento, habilidade para solução rápida e precisa e atitude para deixar de lado atividades secundárias e atuar nas atividades principais, ou seja, competência – conhecimento, habilidade e atitude. Um profissional que apresente a solução para um problema de forma rápida e precisa, custa mais caro que um profissional que apresente uma solução precisa, mas não tão rápida. Então, para podermos estimar os valores que desejamos, precisamos saber, para cada serviço de TIC, qual o grau de tolerância da organização com interrupções e degradações. Essa informação possivelmente consta da análise de ricos realizada pela instituição.

Assim, chegamos as seguintes etapas:

1 – Identificação dos serviços de TIC fornecidos a instituição;

2 – Classificação dos serviços de TIC em relação ao grau de tolerância a interrupções e degradações;

3 – Identificação de tecnologias, equipamentos, programas, configurações e relacionamentos de cada serviço de TIC;

4 – Estimativa da probabilidade de ocorrência de interrupções ou degradações nos serviços, levando em consideração a existência de redundância e contingência para soluções e serviços de TIC;

5 – Identificação das atividades e respectivos serviços técnicos necessários para manter os serviços de TIC funcionando adequadamente;

6 – Estimativa de quantos profissionais são necessários para realizar cada serviço técnico de manutenção dos serviços de TIC, levando em consideração o grau de tolerância da instituição tolerância a interrupções e degradações, a probabilidade de sua ocorrência e a existência de redundâncias e contingências para a situação;

7 – Elaboração do mapa de competências (conhecimento, habilidades, atitudes) para cada serviço técnico, levando em consideração tecnologias, equipamentos, programas, configurações, relacionamentos e o grau de tolerância da instituição tolerância a interrupções e degradações;

8 – Definição dos profissionais e respectivos perfis, necessários para execução de cada serviço técnico, a partir do mapa de competências;

9 – Elaboração de mapa de remuneração e benefícios para cada perfil profissional;

10 – Estimativa do valor de desembolso mensal para pagamento dos serviços técnicos.

Gostaria de observar que não me parece adequado, a elaboração de um mapa de competências ou a definição de perfis profissionais serem realizados por profissionais de TIC, caso não possuam as competências necessárias para tal. Quando precisei pesquisar sobre o tema, me deparei com editais para contratações de serviço com os mais variados tipos de exigências, mas não encontrei a fundamentação que demostrasse através de evidências, qual a relação entre as exigências e o resultado pretendido.

Da mesma forma, não considero prudente que a área de TIC defina quais serviços de TIC devem ser tratados como críticos para instituição, ou pior, não considere esta necessidade ao definir competências e profissionais, correndo o risco ou de ter profissionais subutilizados ou até de não os ter.

Concluindo, a ideia deste longo texto é expressar a perspectiva de que formação de preço exige atenção a diversos detalhes e é uma tarefa multidisciplinar. Tenho dúvidas se a precificação por IC representaria todas as variáveis envolvidas. A SEGES/ME, em um de seus webinar sobre ETP Digital, comentou sobre questão da complexidade da formação de preços e aconselhou a leitura do ETP para contratação de serviços em nuvens, quando este for disponibilizado. Informaram ainda, que para esta contratação foi utilizada a Unidade de Serviços em Nuvem (USN) elaborada a partir de estudos considerado inúmeras variáveis, para serviços diferentes e por isso seria um referencial interessante.

Apesar do tamanho, expus no texto somente as situações que lembrei, por chamarem mais atenção. Provavelmente ainda existem muitos outros pontos que precisam ser considerados.

Abraço,

Cid Pires

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http://200.198.220.158/documents/656835/14876457/2018_Retrospectiva2017/309cafea-fdd2-a370-da8a-cf6ced520d8f

Alexande Diniz, sou analista da Finep estou em uma equipe de planejamento da contratação e seu modelo parece interessante. Poderia enviar o estudo que realizou e a planilha que embasa teu post para manaia@finep.gov.br?
Te agradeço desde já

Esse livro que o Dawison menciona (por acaso o Marcio Mota do TCU é meu amigo) não é direcionado para contratações de TI. O Marcio é da Secretaria de Aquisições Logísticas - Selog, que analisa licitações e contratos… exceto os de TI, que vão pra SEFTI. De qualquer forma, essa questão de alteração de níveis de serviço que é tão comum nos contratos por USI/IC, nos contratos das outras áreas ainda é uma raridade. Segundo o Marcio ele só viu num contrato do STF e em um do TCU. O Marcio mesmo fala que uma série de inovações e jurisprudências vêm das contratações de TI… como essa questão dos níveis de serviço ajustados durante o contrato, ou a questão de diminuição dos faturamentos com o passar do tempo do contrato com a recorrente higienização/otimização dos Itens de Configuração.

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Respondi agora. Desculpe a demora!

Excelente sugestão. Muito interessante e útil.
Vou adquirir na Amazon.

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Para os que tiverem kindle unlimited, o livro pode ser lido gratuitamente.

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Olá a todos!

A Secretaria de Governo Digital lançou hoje (12/08) consulta pública relacionada a este projeto, que estará aberta a contribuições até o dia 26 de agosto de 2020.

A consulta pública tem por base um documento que contempla os aspectos mais relevantes e estabelece orientações e diretrizes gerais para o planejamento da contratação e a execução contratual dos serviços técnicos especializados de operação de infraestrutura de TIC, sem dedicação exclusiva de mão de obra, compreendendo os serviços de monitoramento, sustentação do ambiente computacional, suporte a usuário e de apoio técnico à gestão de TIC dos órgãos e entidades do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP).

As contribuições oriundas dessa consulta pública serão avaliadas e consolidadas para compor guia, manual ou modelo a ser publicado pela SGD, cuja observância será obrigatória nas contratações de soluções de TIC dessa natureza, conforme preceitua o § 2º do artigo 8º da Instrução Normativa SGD/ME nº 1, de 4 de abril de 2019.

Continuaremos as discussões sobre o projeto aqui neste canal, mas as contribuições acerca do objeto posto em consulta pública somente serão analisadas na ferramenta Participa + Brasil, através do link acima, combinado?

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Boa tarde,

Este fórum está ativo?

Quem é o moderador?

Oi, @ivanaraujo qual a dúvida para a moderação?

@Alexandre_Diniz boa Noite. Sou Analista no Ministério da Economia. Teria como compartilhar o estudo que realizou e a planilha para sebastiao.m.filho@economia.gov.br?

Te agradeço desde já

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Alguém já criou essa Memória de Cálculo para Catálogo de Serviços em Sítios e Portais Web?

@Alexandre_Diniz você pode compartilhar os seus estudos comigo. Trabalho na Agência Espacial Brasileira como CGTI: jean.borges@aeb.gov.br

Agradeço.

Olá @Alexandre_Diniz ! Parabéns pelo trabalho. Sou integrante de equipe de planejamento para contratação de serviços de TIC no TRE-RO. Seria possível compartilhar seus estudos conosco (segovtic@tre-ro.jus.br)? Agradeço imensamente.

@SebastiaoFigueiredo, conseguiu Memória de Calculo para serviços em Sitios e Portais? Pode compartilhar comigo: lino.andrade@contagem.mg.gov.br,

Agradeço.

Olá @Alexandre_Diniz! Belo trabalho.Gostaria de ter acesso aos estudos e começar a compreender um pouco sobre Catálogos de Serviços e precificação para futura implementação. Se puder enviar: lino.andrade@contagem.mg.gov.br

Agradeço.